setembro 30, 2009

diário de bordo do último dia de setembro...



Como se desfazer do que se quer?
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Os sonhos deveriam ser mais possíveis!
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Preciso com urgência de um canto para chamar de meu.
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Luto, luto, esperneio, para sair da bolha, onde sou indesejada, mas não expelida.
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Enfrentar infernos diários tonteia. Ao final do dia vem mais uma chamuscada, baforenta, informando que a "coisa", ainda não passou!
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Sou só potência, força, vida gasta, empurrando, lutando contra os rancores dos torpes...
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Mais um morto para chorar... silenciosas flores tristes, ornam velórios...
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Caminho léguas para descontaminar. Ar puro!!! Longe de casas e gente embolorada...
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Que o sono seja reconfortante em sua vagância... Me recomponha para uma nova aurora...

setembro 28, 2009

Ser ou não ser...


Ás vezes sou Funéria!!! Mas quem não é?

setembro 27, 2009

Lou!



Ouse, ouse... ouse tudo!!
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos,
nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso:
algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!
(Lou Andreas-Salomé)

setembro 24, 2009

Um dia para fumar lentamente


Incomputáveis anos de Oromasis. Salamandras dão o tom, graus, elevação. Silenciei do silêncio que precisava. Tarde quente, propícia a estas experiências escaldantes. Poucos se movem, poucos gritam, poucos agem... ninguém chega, ninguém sai.

Fiquei ali, assim, eira e beira, quieta, feito samambaia sem mover folha. Um torpor, lassidão, esperando silenciosa, nada de rumos, não-movimento, estática, xerofiliando.
Hoje as lagartixas sairão somente horas após o sol se pôr, tal a lentidão do tempo. Baratas folgam lambendo perninhas nos buracos mais escuros, frescos, úmidos, sacanas... esperam que a noite chegue.

Pássaros mudos, cães sem lábios mucosos, atirados na sombra do muro, meio metro de língua sem baba. Felinos sábios estirados no canto mais fresco da casa, patas para o alto, refrigério e sonecas.

Traças não saem do casulo, secam... Meu pé no chão, inchado, dilatação das veias, velhos canos do sangue, leitoso... Ventilador paralítico das hélices, esforço de brisas, elementais, forçosos ares.

Folga! Férias de inspiração, que farão mover uma nova aurora, após a festa da carne... Que tragam nuances boreais.

Salamandras em ação, azuis relâmpagos no que precisa ser queimado, consumido. Um dia para fumar lentamente. Algo gelado passando para o esôfago fervilhante, sensação refrescante...

Autofagia na “n”, peixe no forno 250 graus, as moscas nem se atrevem, torram nos vôos... A geladeira velha ronca, rubra, enfileirei cervejas em seu ventre refrigerado, três horas para gelar, hora e meia para sorver... Aí vagam idéias, observando o termômetro que marca 40 graus.

Engraçado o que sua é o copo, estou seca, livre da molhaçada, estranho! Será a nicotina? Esse ar desértico? Essa coisa insana?

Nada além da pás-hélices-ar-movimento-lento, respiração forçada, nariz entupido, reentrâncias sem água... Sensação de chumaços de algodão postos nas fossas nasais. Estarei morta? Ou sou a morta-viva espreitando a desgraça dos dias em que torradas humanas são servidas?

As crianças que brincavam na piscina ao lado sumiram! Nada de gritaria, a água deve ter fervido, ensopado infanticida... Boca ressecada, mais um cigarro, mais um gole gelado... badernas nas entranhas, incineração.

setembro 21, 2009

Amizade-amor-prazer


Terão que inventar de A a Z uma relação ainda sem forma que é a amizade: isto é, a soma de todas as coisas por meio das quais um e outro podem se dar prazer.
É uma das concessões que se fazem aos outros de apenas apresentar a homossexualidade sob a forma de um prazer imediato, de dois jovens que se encontram na rua, se seduzam por um olhar, que põem a mão na bunda um do outro e fiquem devaneando por um quarto de hora. Esta é uma imagem comum da homossexualidade que perde toda a sua virtualidade inquietante por duas razões: ela responde a um cânone tranqüilizador da beleza e anula o que pode nesse encontro vir a inquietar no afeto, carinho, amizade, fidelidade, coleguismo, companheirismo, aos quais uma sociedade um pouco destrutiva não pode ceder espaço sem temer que se formem alianças, que se tracem linhas de força imprevistas. Penso que é isto o que torna "perturbadora" a homossexualidade: o modo de vida homossexual muito mais que o ato sexual mesmo. Imaginar um ato sexual que não seja conforme a lei ou a natureza, não é isso que inquieta as pessoas. Mas que indivíduos comecem a se amar: ai está o problema. A instituição é sacudida, intensidades afetivas a atravessam; ao mesmo tempo, a dominam e perturbam. Olhe o exército: ali o amor entre homens é, incessantemente, convocado e honrado. Os códigos institucionais não podem validar estas relações das intensidades múltiplas, das cores variáveis, dos movimentos imperceptíveis, das formas que se modificam. Estas relações instauram um curto-circuito e introduzem o amor onde deveria haver a lei, a regra ou o hábito.
(Michel Foucault - Da amizade como modo de vida)

setembro 16, 2009

Pitada de alecrim


Porque tanta tortura? Canibais diários, boçais!
No porão me esperam para triturar minha carne na máquina de moer.
Entre risos sádicos, giram a manivela.
Em pedaços, sem chance de rendição, saio saborosa, delicisosa, mistura carnal. Viro bolinho de carne servido em outros banquetes com uma pitada de alecrim. Para a inveja dos incompetentes torturadores. Sacio outras fomes, ainda vivo!!!

+ leituras saboreadas


"Que a importância esteja em teu olhar, não na coisa olhada".

"A melancolia não é senão um fevor que decaiu".

"Há em cada homem estranhas possibilidades".

"E nossa vida terá sido à nossa frente como o copo cheio de água gelada, o copo úmido que seguram as mãos do homem com febre e que quer beber, e bebe de um trago, bem sabendo que deveria esperar, mas não pode afastar dos lábios o precioso copo, a tal ponto é fresca a àgua, a tal ponto o torna sedento o ardor da febre".

(André Gide - Os frutos da terra)

setembro 14, 2009

Escoando


Confusão
Decantação
Esperem!
Estou me passando à limpo!!
Para me tornar
Baleável, balneável
Escoando
Afluentes
Novos planos
Hidrográficos
Epifanias
Volúpia aquosa
Sais açúcares
Água bruta
Inevitável
Des-tino

Amadinho


Mago, Magus!
Hierofante dos mistérios
Olhar de xamã
Sobrenaturezas
Metáforas de vida
Místico urbano
Perifrases soltas
Herméticos segredos
Ciosos saberes
Fortaleza descoberta
Amadinho sua alcunha
Ienéz espião dos dias
Dândi vencido
Novos rumos
Reexplorando dimensões
Afetos solidários
Intimidades do coração
Alquimia em movimento
Respiração entre magias

setembro 12, 2009

Dirá, Dirás


(Nei Lisboa)
Como explicar ao leigo
Um meigo assassinato

Variação


Tenho uma tristeza louca
Entrecortada por uma alegria doida
Ando lá e cá
Choro e rio

O calor alegra, afaga
O frio triste verte águas
Mareados olhos
Verdes
Meus!

Esta é a vida
Uma saudade louca
Entre abraços
Doidos...

Colostro


Aos filhos e filhas para quem dei meus peitos, pedi segredo. Mas um dia dirão extraordinariamente o que viveram. Traidores benditos!

Máximas & Mínimas


Pior que lágrimas de crocodilo, somente os sorrisos de um oligator!!!