dezembro 27, 2011
Ascese 2012
"Sê sempre inquieto, descontente, inadaptado. Quando um hábito se tornar cômodo, rompe com ele. A satisfação é o pior dos pecados".
KAZANTZÁKIS, Nikos. Ascese. São Paulo: Editora Ática, 1997. (Trad. José Paulo Paes)
Lady Godiva
novembro 10, 2011
A última estação
outubro 05, 2011
setembro 15, 2011
Espírito & Crueldade
Querem saber o que é mesmo a crueldade?
É assim?
Não.
Eu não sei.
A crueldade é extirpar pelo sangue e até o fim Deus, o acaso bestial da animalidade inconsciente do homem e de todo o lugar em que o encontre.
E o que faz, Sr. Artaud?
O homem, quando não controlado é um animal erótico tem um estremecimento inspirado, uma espécie de pulsão produtora de monstros sem fim que são a forma que os antigos povos da Terra atribuiu universalmente a Deus. Isso constitui o que chamamos de espírito.
(Antonin Artaud)
agosto 31, 2011
Estilhaços
Meu Sangue
O caldo de meu sangue dentro do qual chafurdo
É meu cantor, minha lã, minhas mulheres.
Ele não tem crosta. Ele se encanta, ele grassa.
Ele me enche de vidraças, de granitos, de cacos.
Ele me retalha. Eu vivo dentro de estilhaços.
Dentro da tosse, dentro do atroz, dentro do transe.
Ele constrói meus castelos,
Dentro da teia, dentro da trama, dentro das nódoas.
Ele as ilumina.
(Henri Michaux)
agosto 27, 2011
agosto 26, 2011
Hipátia filósofa pagã
"Num dia fatal, na estação sagrada da Quaresma, Hipátia foi arrancada da carruagem, teve as roupas rasgadas e foi arrastada nua para a igreja. Lá foi desumanamente massacrada pelas mãos de Pedro, o Leitor, e a horda de fanáticos selvagens. A carne foi esfolada dos ossos com ostras afiadas, e os membros, ainda palpitantes, foram atirados às chamas".
(Edward Gibbon - historiador)
agosto 22, 2011
agosto 15, 2011
agosto 12, 2011
Lançamento primaveril
Amor-nuvens
O ESTRANGEIRO
- Quem é que mais amas, homem enigmático, diz: teu pai, tua mãe, tua irmã ou teu irmão?
- Não tenho nem pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
- Teus amigos?
- Vós vos servis de uma palavra cujo significado até hoje eu desconheço.
- Tua pátria?
- Ignoro em que latitude ela está situada.
- A beleza?
- Amá-la-ia com muito gosto, deusa e imortal.
- O ouro?
- Odeio-o como vós odiais Deus.
- O que amas então, extraordinário estrangeiro, hein?
- Amo as nuvens... as nuvens que passam lá... lá no alto... maravilhosas nuvens!
(BAUDELAIRE, Charles. O esplim de Paris: pequenos poemas em prosa. São Paulo: Martin Claret, 2010. Trad.Oleg Almeida)
julho 20, 2011
Ferimentos
Sem porto seguro
navego águas
turbulentas encostas
sacode corpo nú
massageia espírito
dolorido sopro
quentes palavras
borbulhantes poções
aquecem entranhas
inspiração possível
criação metamorfoseante
colo treme frenesi
caixa possuída
inquietação fantasma
fantasias fome
febres fendas
frágil fidelidade
filosofias fugidias
fisionomias
finos fazeres
fios fachadas
fora faiscado
falso fascínio
fomentado
fosfóricamente
fazendo ficar
flores ferimentos
julho 18, 2011
Edgar Allan Poe
I
No mais verde de nossos vales,
habitado por anjos bons,
antigamente um belo e imponente palácio
- um palácio radiante - se erguia.
Nos domínios do rei Pensamento,
lá se achava ele!
Jamais um serafim espalmou a asa
sobre um edifício só metade tão belo.
II
Estandartes amarelos, gloriosos, dourados,
sobre o seu telhado ondulavam, flutuavam.
(Isso, tudo isso, aconteceu há muito,
muitíssimo tempo.)
E em cada brisa suave que soprava,
naqueles doces dias,
ao longo do muros pálidos e empenachados,
se elevava um aroma alado.
III
Caminhantes que passavam por esse vale feliz
viam, através de duas janelas iluminadas,
espíritos que se moviam musicalmente
ao som de um alaúde bem afinado,
em torno de um trono onde, sentado,
(Porfirogênito!)
com majestade digna de sua glória,
aparecia o senhor do reino.
IV
E toda refulgente de pérolas e rubis
era a linda porta do palácio,
através da qual passava, passava e passava,
a refulgir sem cessar,
uma turba de ecos cuja grata missão
era apenas cantar,
com vozes de inexcedível beleza,
o talento e o saber de seu rei.
V
Mas seres maus, trajados de luto,
assaltaram o alto trono do monarca;
(ah, lamentemo-nos, visto que nunca mais a alvorada
despontará sobre ele, o desolado!)
e, em torno de sua mansão, a glória,
que, rubra florescia,
não passa agora, de uma história quase esquecida
dos velhos tempos já sepultados.
VI
E agora os caminhantes, nesse vale,
através das janelas de luz avermelhada, vêem
grandes vultos que se movem fantasticamente
ao som de desafinada melodia;
enquanto isso, qual rio rápido e medonho,
através da porta descorada,
odiosa turba se precipita sem cessar,
rindo - mas sem sorrir nunca mais.
(A QUEDA DA CASA DE USHER - Edgar Allan Poe)
maio 20, 2011
maio 18, 2011
Navegação
maio 06, 2011
Cícero lê
maio 05, 2011
Mil flores!
“Imagine-se um jardim de cem espécies de árvores, com mil variedades de flores, com cem espécies de frutas e outros tanto gêneros de ervas. Pois bem: se o jardineiro que cuida deste jardim não conhece outra diferenciação botânica além do “joio” e do “trigo”, então não saberá que fazer com nove décimas partes do seu jardim, arrancará as flores mais encantadoras, cortará as árvores mais nobres, ou pelo menos ter-lhe-á ódio e as olhará com maus olhos. Assim faz o Lobo da Estepe com as mil flores de sua alma. O que não está compreendido da designação pura e simples de “lobo” ou de “homem” nem sequer merece a sua atenção. E quantas qualidades ele empresta ao homem! Tudo o que é covarde, símio, estúpido, mesquinho, desde que não seja muito, diretamente lupino, ele o atribui ao “homem”, assim como atribui ao “lobo” tudo o que é forte e nobre, só porque não conseguiu ainda dominá-lo.”
(Hermann Hesse O lobo da estepe:)
abril 27, 2011
Vênus
“Ó mãe dos Enéadas, prazer dos homens e dos deuses, ó Vênus criadora, que por sob os astros errantes povoas o navegado mar e as terras férteis em searas, por teu intermédio se concebe todo o gênero de seres vivos e, nascendo, contempla a luz do sol: por isso de ti fogem os ventos, ó deusa; de ti, mal tu chegas, se afastam as nuvens do céu; e a ti oferece a terra diligente, as suaves flores, para ti sorriem os plainos do mar e o céu em paz resplandece inundado de luz”.
(Lucrécio - DA NATUREZA/LIVRO I)
abril 23, 2011
Ventania
abril 15, 2011
Escorrendo!
abril 13, 2011
Elemento surpresa!
Um minúsculo pode ser tornar gigante em função do elemento surpresa. Inesperadamente salta não se sabe de onde... segue sua coreografia de fuga,aos saltos, diante de crituras histéricas que estranham sua visita! Após o pânico, muitos risos, pressão estabilizada, os olhos seguem com órbitas em saliência. Sem dúvida figamos griladas!
abril 03, 2011
Para Janet Frame
março 24, 2011
Cactos
Horizontes que não visitei
Arde sol na pele
Terra batida
Passos sonhados
Pajé me espreita nas pedrarias
Cactos replantados
Círculo mágico
Axés de obediência
Gea de cantos e mudas
Chuva fina regando tardes
Apagar de dias
Espera de lua minguante
Ventos de todos os cardeais
Rondam festa de estrelas
Topo do mundo
Varanda encantada...
fevereiro 09, 2011
Dois mundos
Ando pirando em dois mundos. Um que escarrado foi, mas que a última gosma ainda gruda, por um fio minúsculo prende e mancha de roxo meu tendão. Outro cheio de vida nova que agarro ferozmente em sonhos e para onde me dirijo.
Meu pensamento andarilho leva meu corpo, entre veredas onde busco prazeres que saciem minha sede. Preciso ir! Fugir do tédio desses dias quentes, madrugadas arrastadas.
Quero usar o tempo e me fartar com novos ares, pés nus, livre pensamento. E nesta fúria alegre, despejar raios ao meu redor. E meu redor é minha casa, meu amor, minhas gatas, meus amigos, as flores que virão.
Lá onde entre os odores, sabores, sons e descobertas haverá tempo de boa solidão prazerosa.
Sorverei de minhas próprias entranhas o energético capaz de limpar definitivamente o repugnante fio. Pés alados, novas horas, céu imenso... Lá em espírito já estou!
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