maio 18, 2011

Navegação


Nau conduzida em sonhos
Mares, marés, maresias
Sal nos lábios
Palpitações
verde beira
calcária casca
ovo do mar
Circe espreita
círculo mitológico
Sexta-feira corre
olhar antropofágico
recomeço ou danação

maio 06, 2011

Cícero lê


Jovem Cícero lê
cultiva espírito infanti
fantasias sorvidas
vital energético
composições latentes
despejo entre discursos
atualidade e espanto
"Oh tempo,oh costumes"!

maio 05, 2011

Mil flores!


“Imagine-se um jardim de cem espécies de árvores, com mil variedades de flores, com cem espécies de frutas e outros tanto gêneros de ervas. Pois bem: se o jardineiro que cuida deste jardim não conhece outra diferenciação botânica além do “joio” e do “trigo”, então não saberá que fazer com nove décimas partes do seu jardim, arrancará as flores mais encantadoras, cortará as árvores mais nobres, ou pelo menos ter-lhe-á ódio e as olhará com maus olhos. Assim faz o Lobo da Estepe com as mil flores de sua alma. O que não está compreendido da designação pura e simples de “lobo” ou de “homem” nem sequer merece a sua atenção. E quantas qualidades ele empresta ao homem! Tudo o que é covarde, símio, estúpido, mesquinho, desde que não seja muito, diretamente lupino, ele o atribui ao “homem”, assim como atribui ao “lobo” tudo o que é forte e nobre, só porque não conseguiu ainda dominá-lo.”
(Hermann Hesse O lobo da estepe:)