julho 30, 2010

Imaginário!



Resenha [imaginária] para um livro [imaginário] intitulado [imaginariamente]: "O cérebro-espírito na educação"


Vazios Espirituais é o título do novo livro da filósofa e pesquisadora Maria Campos, que saiu recentemente pela Editora NADA. Nesta obra a autora faz uma análise crítica sobre: “mortes existenciais” originadas pelo massivo uso de drogas como Ritalina, impostas aos jovens identificados como portadores de déficit de atenção e hiperatividade. O texto inovador, escrito em forma de metáforas, apresenta um assunto polêmico e faz um alerta a pais, professores e alunos sobre o uso indiscriminado dessas substâncias. Salienta que: “A ‘mansidão’ de um aluno considerado com déficit de atenção, não quer dizer necessariamente que não tenha um poder incrível de pensamento. E que o ‘agitado’ hiperativo não seja inventivo, criativo à sua maneira, mesmo que não suporte mais copiar lições e ficar obrigatoriamente sentado”. Cada caso deve ser considerado para não incorrermos no erro de ceifar vidas, causar sofrimento em nome de uma “verdade” e um “bem” que se supõe estar fazendo em nome da “saúde”. Podemos estar criando uma legião vestida de camisas de força, bonsais humanos, bonitinhos, decorativos, mansinhos, vasos de informações, receitas prontas, o eterno amém do pensar decepado. Respeitar a pluralidade e diferenças de comportamentos é um desafio dos novos tempos, o rebanho da Ritalina de hoje pode gerar o ressentido de amanhã.

julho 29, 2010

Visitas na madrugada


Ó Valquíria serva de Odin! Suspeito que seja tua armadura reluzente que vejo cavalgando nas escuras madrugadas insones.

O que desejas?

Anunciar minha vitória ou chorar minha morte!

Carona!


Na carona eu ia,

vento nos cabelos

Toda estrada

Saboreando sonhos acordados

Mover-se


Há uma dança infinita que embala corpos, uma coreografia de vida, que se diz na perdição do mundo.

julho 20, 2010

Amigos!


Amigos mesmo! Eles sabem que são pois, são cultivados, carinhados, amados... o mais espantoso é os que nunca foram e aguardam sorrateiramente 20 de julho para lançar novamente seu olhar invejoso, gordo, sobre lembranças do que poderia ter sido e não foi, por pura incompetência humana... pensam ter a VERDADE do que é ser amigo, absolutamente, em suas cabecinhas se acham mesmo!

julho 14, 2010

Caderno de notas


Caderno de notas das "Memórias de Adriano" (Marguerite Yourcenar)


"Mergulho no desespero de um escritor que não escreve".


"Um pé na erudição, outro na magia, ou, mais exatamente e sem metáfora, nesta magia simpática que consiste em nos transpotarmos em pensamento ao interior de alguém".


"O feiticeiro que golpeia a si mesmo no momento de evocar as sombras sabe que elas só obedecerão ao seu apelo porque lhe sorvem o sangue. Sabe também, ou deveria saber, que as vozes que lhe falam são mais sábias e mais dignas de atenção do que seus próprios gritos".


Cabeças pensantes


Apesar da gélida manhã de julho, o seminário aqueceu, mostrando o que podem cabeças pensantes.

julho 09, 2010

Visita de mortiça



Quantas vezes não houve a tentação de cortar os pulsos e acabar com tudo. Imaginava-se deitado em seu próprio sangue, um tapete com seu corpo em relevo branco, gélido no meio da sala. Dois dias depois do fato, na quinta, provavelmente a diarista iria encontrá-lo. Mas a tentação não é a ação definitiva, quem muito ameaça quase nunca faz!
Planejara esta cena várias vezes. Sentia que a morte o rondava, mas não sabia ao certo como executar sua passagem para o além: Doses de medicação, mais tequila, afogamento nos penhascos de Torres, asfixia com saco plástico durante a ceia de natal, haraquiri em plena academia de ginástica, secador de cabelo na banheira com pétalas de rosas antes do almoço de domingo e mais uma infinidade de possibilidades.
Andava tão cheio da vida quem nem mais este prazer noturno lhe fazia vibrar. Sentia seu sangue lento nas veias, um torpor, uma vontade de ficar só na horizontal para sempre. Sonhava por vezes, com um ser andrógino, mortiça, espectro obscuro, aroma adocicado que o fazia acordar excitado. Não via a hora de novamente deitar para o encontro. Ficava nu sobre os lençóis esperando pelas lambidas das vestes sedutoras que percorriam o seu corpo, nas tardes e nas longas madrugadas.
Ao acordar novas estratégias suicidas, pois já não queria este plano das carnes e vísceras e sim vagar brumoso, sem dores, pelo espaço sideral. Esperava agora sem presa a arquitetura de um derradeiro acontecimento. Dava gargalhadas sinistras, enquanto brincava de morrer, agora se sentia acompanhado.

julho 01, 2010

Leitura


Considero a leitura um dos atos que deveriam ser fundamentais para a condição humana, temo pelos que não sofrem seus efeitos não se deliciam com esta arte. Falo da leitura não com armazenamento de conhecimento, mas como deleite, paixão... A alegria do livro entre as mãos, hábito adquirido desde a infância, o cheiro gostoso de cada página virada e revirada. Dos novos olhares sobre trechos sublinhados na época da faculdade, das coisas que já não dizem mais nada e da nova dança de signos delirantes que nos fazem tremer, vibrar, criar. Alguém já sentiu essa musicalidade diante de uma obra? -Da coisa dos amantes ali entre quatro paredes, tendo como única testemunha a velha luminária. Das confidências íntimas, dos toques sutis, no mexer de entranhas, do sorriso de canto, da lágrima de até outra hora. Os olhos revirando, buscando nos cantos do quarto, personagens das transas mentais, fluxos de ideias... dos papelotes sobre a cama, pelo chão, anotados na penumbra com lápis, caneta, batom ... Pois é o que sinto até hoje! Leituras: mergulhos, mistérios, desse vivível amor, secretos devaneios, insaciáveis desejos, terror obscuro, onde deslizo meus dedos, olhar penetra curioso sobre signos, dobras de mais uma orelha, aromas, que anunciam nova orgia.