julho 31, 2009

Sabiá


Peguei o gato preto com o sabiá na boca no jardim. Que choque! Assim como nele um instinto me tomou botei para correr. O sabiá sem cabeça, morto, ainda quente. Que dor nas entranhas. Juntei o corpo, chorei. Sua alma foi com um pedaço de mim.

julho 30, 2009

Quando baixa Joelma


Desafino digo componho falo sirvo acho despacho acordes sem fim contrastes sigo blim blum entre frases feitas sons de sempre escreverei odes aos desa-finados sambinha dó tango ré valsa mi rock fa vida sol uma asimetria pedrinha incomodamente confortável nos sapatos da razão desajeitada aos ouvidos exigentes canto octuplicada possuída Joelma me baixa pé de serra rasta-pé lambadas no Chimbinha Calypso sou Xonou Xonou o baile segue brega por entre estrofes forrobodó.

Traquinagem


Ando de balanço para voar um pouco.
Que delícia podem ser as pracinhas!

julho 29, 2009

Lamentos


"O verdadeiro tolo, de quem os deuses zombam e a quem tentam destruir, é aquele que não conhece a si próprio. Durante muito tempo eu fui um deles. Você também: deixe de sê-lo. Não tenha medo. O supremo pecado é a superficialidade".
(Oscar Wilde, De Profundis)

Hamadríades


Venho das mitologias
Verdejo
Persitente
Revolução
Silêncio

Pétalas lanceoladas
Ramos lenhosos
Ninfa espreita
Hermafrodita

Amadureço na primavera
Frutos tóxicos
Escandente ou prostrada
Trepadeira das sebes

Muda, broto
Hamadríades me protegem
Fitoterápica
Efeito expectorante
Vingativa

Inveja!


No inverno as rolinhas somem. Safadas voaram na busca de calor. Como invejo sua mansidão rebelde com esta friagem sem poder voar. Transam hemisférios e eu fixa, congelada no paralelo trinta.

Mar


Ó mar! Misteriosas águas
O tempero de tuas ondas
Fazem pensar em delícias
Vazão de sensações
Repuxo, volúpia aquosa
Mergulhos quentes

Ó mar! Tão enigmático
Como eu mesma
Um ser de enseadas
E gigantescas ondas

Nossas ressacas
Invadindo praias
Marolas surfadas
Véus ilusórios

Batidas em pedras
Rochas acariciadas
Mar morto
Oceano Pacífico

Ó quantas gotas cabem em ti?
Quanta sujeira depositaram em nós!
Extrema-unção dos enfermiços
Desconcertantes bailados
Que nos mantém indo e vindo
Ao sabor da marés

"Hortus Deliciarum"


Quem passou por meus infernos, entrará nos meus céus!

Saberes & Sabores


Ensines que sabes pescar.Coma o peixe com os famélicos.Depois diga como se faz.Caso contrário pregarás ao vento.

julho 28, 2009

Escritura


Escrever é desacordar
Uma solidão brutal
Somos "pugilistas"
Socamos hipocrisias
Vitórias momentâneas
Lutas marcadas
E o mundo lá fora
Mas um "cheiro" cai bem
Aquece entranhas
Tempera criações
Tchau!

O menino morto


Vomito palavras e pensamentos sem fim. Sinto que estou virando do avesso, como se isso tudo, essa naúsea fosse a salvação da vida. Entre entorces afogantes de corpo-alma, durmo um pouco, o cansaço extenua. Sou chamada estranhamente por um menino morto que susurra "tia" três vezes. Pasolini me ronda anunciando:"a vida que foge no meio das águas".

Quedas


Serafim...
Querubim!
Nefelin?
Caído
Deformado
Buscante
Atormentado
Rasante
Sopros
Dias
Escuridão
Nix
Vazantes
Pés
Aladas existências

Dias de festa



Que coisa + triste são talentos sufocados?
Que nada!
Um belo dia a tampa voa, esparramando talentice na cara dos contras.
Recomeça potencialmente à festa.
Pulsante, alentadora, vigorosa...

A síntese perfeita


“Sou tão misteriosa que não me entendo.”
(Clarice Lispector)

Possível fuga para Tolox


Teu sufoco
rarefeia meu ar
Vamos turbinar tudo
a quatro pulmões

Chorar
dar boas risadas
Sorvendo taças de vinho
Nóias passageiras

Já embriagadas da vida
Se naufragarem os planos
Fugiremos para Tolox

julho 27, 2009

Intuição


Campo magnético
Fogo
Deusa explosiva
Raios
Boreais auroras
Clicks
Segredos íntimos
Desenhos
Fluxos loucos
Invasão

Cantos


Um dia te direi dos meus infernos
De como dói uma alma chamuscada
Dos delírios febris
Dos cantos negros onde tentaram me prender
E de como desvairada saí do buraco
Uma luz todo dia banha minhas cicatrizes
Vago nua na imensidão
E o buraco?
O diabo carregou!

julho 23, 2009

Ócios necessários


Para depois de amanhã:
Rever os planos
Acabar de cicatrizar feridas
Ver o que sobrou da tempestade

Dos cacos fazer um mosaico
Colados com lágrimas - expiação
Sete cores disponho
Uma lua entre estrelas

Um mapa
Navego novo mar
Ondas de criação
Corpo dolorido

Uma gargalhada
Ventos equatoriais
Claridade
Sem exatidão

Brisa-gélida

Quando te fostes para o vale da morte. Fiquei com algumas peças de roupas tuas. Quando as vestia tinha a ilusão de que me abraçavas, mas eram só roupas. Que friagem de saudade!

Perspectiva


Tão complacente feito gato deitado!
Até o próximo urro do dragão insone...

Soga!



Vivo de promessas
Uma ilusão
Utópica
Caminho, caminho

Desgraças
Lágrimas
Dor
Boi preso na soga
A eterna bisteca
Carne consumida

Fazeres, deveres
Minha alma é mais que carne
Imaginação, prazeres
Caminho
Vago, vago

Desilusão
Porrada
Teimosia
A luz fiel

Sem vergonha
Exposta
Diga
Cara!

Não estás perdida
Estás achada!!!
És isso
Tu mesma

Tristeza & Cia!

Espero que um dia a maldição estanque
Que pare de sangrar em mim tanta tristeza

julho 10, 2009

Safena


Nego Val
Pontes safenadas
Urgências a desobstruir

Nego Val
Das gargalhadas tristes
Dos trejeitos belos

Nego Val
Dos orixás
E amores impossíveis

Nego Val
Dos jornais
Das aulas

Nego Val
Do outro lado
Na margem do Guaíba

Gol!


Já corri e perdi muito tentando fazer o gol ideal.O mais interessante é o que ocorre entre as duas traves, na extensão do campo.Esse é o mais legítimo gol de placa, o jogo que se joga.

julho 09, 2009

Um quadro de existência

Jasmins a mãos-cheias
Casa cheirando morte
Viver só na escada
Liberdade faz redemoinhos

Movimentos de vida
Encobrem o ataúde
Tampa aberta
Fantasmas deslizam
Escuras almas a penar

Necrose
Falta de amor
Jamais vão superar
Cachos de uva videira
Joaninhas faceiras

Caracóis nas samambaias
Laranjas e sabiás
Maria-sem-vergonha luzente
Rosas, rosas na murada

Criaturas que entram e saem
Balançam avencas
Alamedas de outra natureza-luz
Pulsam, brincam
Com gnomos no jardim

Polaridades


Não sou bipolar!
Sou tripolar!!!

Antes da doma



Bocejo, bocejo
Até ficar tonta
Fico lagrimando
O sono não me doma

Entre um abrir e fechar de boca
Junto letrinhas lagrimadas
Esperando fazer poesia
Vai dormir guria!

A noite chupa meus ossos
Corpo extenuado
Calor intenso
Suores espremem entranhas

Bic rasga papel
Pingam sonolentas palavras
Prazer temporário
Domada me entrego

É dando que se recebe!


Sou prostituta da existência
Quanto + dou + quero dar
Vivo vidas que recebo
Bordel de almas
Confissões veladas
Alguns vinténs
Orgias totais...

Viagens


O rio que tu mesma és, corre alegre em direção ao mar em plena Copacabana.

julho 08, 2009

Saravá!



Onde há vida
A morte vaga soturna
Sedutora sombra
Chama com cantos ébrios

Nuvem dilacerada
Raios, trovões
Ira e gastura
Coisa nenhuma

Trapézio sem redes de ilusões
Só os lábios no asfalto quente
A galinha do despacho
Entre velas

Encruzilhada
Quatro destinos
Orixás em dias de sol
Neve de pipocas

Estranhamento
Bate-cabeça
Tambores ressoam
Em direção ao por do sol

Sobre saudade




Oh! Tempo sombrio
Saudade arrastando horas
Memória te daria agora
Todos os momentos felizes

Sol, amor, lobotomia
Gritos entre dentes
Algum sorriso surgiria
Sangue veia pulsante
O tempo correria!

Além do contexto

Como dizer o que minha boca cala!
Um caminho entre flores imagino
Olhos a triscar horizontes
Um riacho ao longe canta entre pedras
Lágrimas secas em mais um sol poente

Uma estrela aparece, iluminando uma grinalda de hera
Sobre tua cabeça paira a alegria dos bons dias
Em teus sonhos brincas
Fantasias inexatas da paixão pela vida

Seja entre saltos de amarelinha
Livre a correr pelos campos
Deixe se levar ao acaso
In-certeza de encontros

Um lume faísca em teu sono tranqüilo
Teu coração bate lá e cá
Uma borboleta pousa em tua janela
Desperta o sol te traz mais um dia!

Perdição



Caramba!
Como corri.
Até chegar a mim mesma.
Será que me perdi?

Insônia




Tic, tac, tic tac...
De olhos esbugalhados
Fito o teto branco

Ao longe um galo metido
Anuncia um novo dia
Terminantemente é hora de dormir
Tic, tic, tac, tac

Estática



Almejam inventar a roda
Ela já existe
Não conseguem ver o óbvio
O que fazer com o que gira

“Con-sol-ação”




Acho mais sincero o troféu abacaxi
Do que o medíocre prêmio de consolação

Com o abacaxi faço salada
Com a consolação faço prisão

Fico só um tempo
Derrubo grades
Arrotando abacaxisssss!