agosto 31, 2009

Louco Amado!



Minha fórmula para a grandeza no homem é amor fati: não querer nada de outro modo, nem para diante, nem para trás, nem em toda a eternidade. Não meramente suportar o necessário, e menos ainda dissimulá-lo - todo o idealismo é mendicidade diante do necessário - , mas amá-lo...
(Nietzsche, ECCE HOMO)

Tchekhov


Quantas criaturas do estojo já passaram por nós?
Galochas são pouco usadas atualmente como artigo de vestuário. Porém, se observarmos com atenção aquela ringido inconfundível acontece. Ainda faz morada em muitos pés claudicantes de vidas estojados.

agosto 29, 2009

Instantes


Não existe mais depois...
Só agoras!!!
Cronos
Tempos
Instante
Já.

agosto 24, 2009

Cacos

Gritos asmáticos
Acessos coléricos
Risos sem cor
Disfarçada aceitação
Bruxismo diário
Farelo de dentes
Olhos fugidios
Raivosos lábios
Pintados tons
Assistência vil
Cacos expostos
Murcha vida
Esgoto corre
Posilga de dias
Afogada existência
Torpes palavras
Nada sorver
Jaz na vertical

Horas

Caos aqui
Flores lá fora!

agosto 07, 2009

De um artigo recente


Sem marcar hora uma brisa leve me tocou a alma. Movimento intenso, beleza, luz durável de um instante, pérolas de imagens, delírios sutis, algo potente. Era a intuição novamente me sacudindo pelos ombros. (Idalina Krause)

+ leituras


"Então, ele sentia aquele olhar penetrar-lhe na alma, como esses grandes raios de sol que descem até o fundo da água". (Gustav Flaubert, A Educação Sentimental)

agosto 05, 2009

In-vasão

(Foto de Susana França)

Elevação,
pico,
floresta,
favela,
arranha-céus,
areia,
mar.
Mar,
areia,
céus-arranha,
favela,
floresta,
pico,
elevação.
Vasão-in...

???


O que busca o quero-quero que flana nas madrugadas?

Devoração


Quietude
Martelar distante
Tarde carregada
Plantas Inertes
Mínima brisa
Recolhimento invernal
Pastosos pensamentos
Virus epidêmicos
Cores díspares
Calor extemporâneo
Névoa imaginativa
Livro devorado
Visão imagens
Degustação
Lua cheia

agosto 04, 2009

Cefaléias


Quando insistimos nos erros, temos a certeza que os raios podem cair duas vezes no mesmo lugar... Dá uma cefaléia, uma disfunção temporamandibular, uma dor orofacial terrível... Correntes eletrônicas esmirilham têmporas... Sobram retalhos neurais... Pseudovisagens cambaleantes traçam rotas de sobrevivência.

Caio uma paixão


De dentro do caderno cai uma folha dobrada. É um poema que Clara encontrou, copiou e mandou do Rio, sobre Ícaro. Diz que é de Darwin, acho estranho. Mas leio outra vez e copio para não pensar:
...com a cera derretendo e o fio solto
caiu o desgraçado Ícaro, sob inertes asas;
direto através do céu medonho,
com os membros torcidos e os cabelos em desalinho,
sua plumagem espalhada dançou sobre a onda
e, chorando-o, as nereidas ornaram sua sepultura aquática.
Sobre seu pálido corpo deitaram suas flores de pérolas marinhas
e espalharam musgo vermelho no seu leito de mármore
e em suas torres de coral repicaram sinos
que ressoaram sobre o vasto oceano esse dobre.
(Ovelhas Negras, Caio Fernando Abreu)

agosto 03, 2009

Opa!


Criatura nem viajo tanto assim! Mas que tanta mala sem alça colocaram nesta minha bagagem?

Um bilhete para entregar


Meu amado! Por vezes tenho visões... Vão passar anos e verás que essa porcaria toda não valeu a pena. Te anestesiaram e confundiram no que tinhas de melhor, tu mesmo. Porém o que "sobrou" ainda dá um belo caldo. Quero beber mais de ti, porres de existir. Um dia desses caímos na vida em uma taverna qualquer Dionísio nos aguarda.

Indignação!


Quantas hienas meu Deus nesta estepe! Fedem se acham seguem rapineiras, cavernosas, sorridentes, infetas, corruptas. Tentam comer as entranhas do que consideram ter sobrado de nós. Desperdiçam esforços de perseguição, chupam seus ossinhos roubados, suas carcacinhas, eterna danação em qualquer savana.

Papos de jardim


Os grandes silêncios podem dizer muito, mas também podem absolutamente nada proferir.