
maio 28, 2010
maio 20, 2010
Cora

Pula no meu colo
afofa deita
orelhas radar
longos bigodes
tigra sensual
selvagens encantos
Cora rasga meus papéis
morde meus livros
apronta toda hora
some com minhas canetas
corre dá giros
surdez providencial
Cora das bolinhas
dos dengos
dos crocantes
dos fú, fússss
do rock compartilhado
desfile entre amigos
Cora que quase foi
choros de saudade
capturada nos canteiros
das noites em claro
remédios hora-hora
do colete elizabetano
sem direção
Cora adotada na feirinha
das espriguiçadelas belas
das fugas
dos desaforos
companheira
dos telhados
Cora dos chamegos
do ciúme
captadora dos cheiros
selvagem instinto
amada
idolatrada
única
Quando enfim dorme
sonha e extremece
me acorda pede arrego
escolhe o melhor lugar
me espia
segue a viajar
Mia

Nuvem cinza luminosa
beleza sem igual
jeito de santa
faz o que quer
quando quer
como quer
Mia dos olhos melados
dos amassadinhos
das cinco horas pontuais
dos avisos
do amor e da paixão
Mia dos banhos intermináveis
pêlos sedosos, nós todos os dias
das arrancadas quando menos se espera
rasteirinha com visitas
dos bocejos
Mia do leite pela manhã
das escondidelas na cadeira
do xixi fora da caixa
das reflexões gáticas
do sutil inesperado
dos colos ternos
Mia dos passos lentos
instintos profundos
drogada na madrugada de azaléia
sono roncante
sonhos agitados
Mia do miado de rainha
do virus intestinal
do peito de frango com batata
liquidificado
da viagem
do arranha espaldar
Mia donzela, bela, fera
do meu balaio...
estirada no edredon
nas noites frias
no verão não me dá bola
maio 12, 2010
maio 10, 2010
Extenuada
maio 04, 2010
Visões
Loucos-santos-amigos

Loucos e Santos
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que 'normalidade' é uma ilusão imbecil e estéril.
(CADERNO DE POESIA - by Oscar Wilde)
maio 03, 2010
Laços...

"Até onde ser inteligente para ser idiota?
Os outros disseram que ela era idiota. Então ela se fez
de idiota para não ver até onde os outros
eram idiotas por achar que ela era idiota,
pois não ficava bem achar que eles eram idiotas.
Ela preferiu ser idiota e boa
a ser inteligente e má.
É mau ser idiota: ela tem que ser inteligente
para ser idiota e boa.
é mau ser idiota, pois assim demonstraria
até onde os outros foram idiotas
quando lhe mostraram o quanto era idiota".
(R. D. Laing - Laços)
Assinar:
Postagens (Atom)